terça-feira, 31 de julho de 2012

De volta a Euricledes Formiga


De volta a Euricledes Formiga

“(...) Repetiu o texto de baixo para cima.
 (...) Algo assombroso.”
(Luiz de Paula Ferreira, escritor)

Eurícledes Formiga era paraibano. Poeta dos bons. Repentista em condições de produzir espetáculos inesquecíveis. Quem coloca-me a par de tudo isso, reportando-se ao que narrei no artigo”Super-humano”, em que me ocupei dos prodigiosos dons de memorização do personagem, é ninguém nada mais, nada menos, do que Luiz de Paula Ferreira. Intelectual de múltiplas e admiradas facetas, escritor respeitado, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, e, como se tudo isso já não bastasse, um dos mais importantes empresários do cenário industrial brasileiro.

O depoimento que Luiz me deu ajuda a compor, de forma magistral, o perfil humano de Eurícledes Formiga. O espaço de hoje fica reservado à reprodução completa desse elucidativo texto.

“Venho dizer a você como conheci o Euricledes Formiga.
Foi num jantar de Rotary. Mês de junho, friorento, com presença numerosa de participantes. Ao fazer a abertura da reunião, o diretor de protocolo anunciou a presença de um convidado do presidente do clube. O convidado era um poeta.
O anúncio deu causa a alguns sorrisos e comentários a meia voz, sobre a utilidade que poderia ter a presença de um poeta em reunião de comerciantes, fazendeiros e profissionais liberais, que dispunham apenas de 60 minutos para a pauta do dia.
A coisa ficou nisso.
Lá pelo meio da reunião, o presidente fez a apresentação de seu convidado. Era um paraibano, de passagem para Belo Horizonte.
O convidado ergueu-se e fez uma mesura dirigida a todos. Era um cidadão robusto, de seus 30 anos, claro e corado, de mediana estatura, cabelos alourados, pescoço grosso, sustentando um rosto largo de nordestino.
E a reunião prosseguiu. Lá pelas tantas foi dada a palavra ao visitante. E este, no mais carregado sotaque nordestino, pediu licença para mostrar uns versos que havia composto para as festas de São João, já que estávamos na época das fogueiras.
E com desempenho vocal que a todos surpreendeu, declamou um poema ao qual dera o nome de São João do meu Nordeste.
Enorme foi a surpresa. Palmas vibrantes e gerais explodiram no final de sua apresentação. O homem era poeta mesmo. E dos bons. Esse conceito, aliado ao entusiasmo de todos, foi se fortalecendo e se consolidando na medida em que, atendendo a pedidos dos presentes, o cidadão foi declamando outras poesias de sua privilegiada lavra.
Em determinado momento, já dominando o auditório, o poeta anunciou que gostaria de improvisar sonetos a partir de motes que os rotarianos sugerissem.
Teve início então algo que nenhum de nós havia pensado que um dia pudesse presenciar.
Meia dúzia ou mais de motes foram propostos pelos rotarianos e o poeta, utilizando cada mote como chave de ouro, improvisou outros tantos sonetos, de beleza clássica.
Foi um espetáculo inesquecível.
Tempos depois, passando novamente por Montes Claros, Formiga hospedou-se comigo. No café da manhã, éramos poucas pessoas conversando com o poeta, quando chegou o jornal da terra.
Na primeira página havia uma crônica de uma coluna, ocupando metade do comprimento do jornal.
O Formiga pediu-me o jornal, depositou-o sobre a mesa, à sua frente e fixou os olhos na crônica. Em seguida tapou o texto com a mão e o braço. Fez isso por duas vezes. Cobria o texto com a mão e o braço e em seguida o descobria.  A seguir devolveu-me o jornal e pediu:
Corrija-me se eu estiver errado.
A partir daí repetiu palavra por palavra, do princípio ao fim, o texto do jornalista montesclarense.
Todos os que estávamos presentes, e assistimos a essa cena, ficamos de queixos caídos.
Ante nosso assombro, pelo ocorrido, ele explicou que possuía memória visual. Não havia para ele nenhuma dificuldade em fazer o que assistimos. Tanto era assim que iria agora repetir o texto de baixo para cima. E o fez, comigo e os demais presentes acompanhando pelo jornal. Algo assombroso.”

* Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)


segunda-feira, 23 de julho de 2012

Super-humano


Super-humano

Cesar Vanucci *

“A maior parte de nossa memória está fora de nós...”
(Marcel Proust)

A televisão vem mostrando uma série surpreendente: “Os super-humanos”. São personagens de carne e osso providos de faculdades especiais, no plano mental, na condição atlética, em habilidades incomuns.

Há algumas décadas atrás conheci alguém assim. Se ainda entre nós, estaria certeiramente atraindo as câmeras dos produtores desse programa.

Os tempos eram outros. A televisão não passava de experiência incipiente, coisa de estrangeiro. O rádio, sim, era o veículo de comunicação com poder de penetração, mas limitado na capacidade de cobertura dos acontecimentos em regiões distantes. O Brasil ainda não havia despertado para as conquistas do desenvolvimento, incrementadas sobretudo na “era JK”. Incontáveis registros de fatos relevantes passavam desapercebidos, diferentemente do que hoje  ocorre, do grande público em escala nacional. Ficavam circunscritos a ambientes mais fechados. Mesmo quando divulgados com intensidade, naturalmente relativa, alcançavam ressonância reduzida, se consideradas as dimensões continentais do país.

Nessa época, em ambiente interiorano, fase da adolescência, tomei conhecimento do maior fenômeno de memorização de textos de que já ouvi falar. O assim chamado “Salão Grená” da PRE-5, Rádio Sociedade do Triângulo Mineiro, Uberaba, funcionava como um centro cultural. Provido de 500 poltronas, localizado em ponto estratégico do centro urbano, abrigava eventos artísticos, culturais, mesas-redondas, por aí. Para boa parte das promoções realizadas havia cobertura radiofônica, o que ampliava, consideravelmente, a divulgação. A emissora, pioneira na região, pertencia ao grupo “Lavoura e Comércio”, criado pelo saudoso jornalista Quintiliano Jardim. O jornal diário circulou por mais de cem anos, até o comecinho deste século.

Colegial fissurado em manifestações culturais, vi atuar, no local, numa série de aplaudidas audições, um cidadão dotado de capacidade inigualável para memorizar textos. Jamais tive notícia, nem antes nem depois de conhecê-lo, de ninguém com predicado – ou que outro termo possa existir para classificar seu desempenho – em condições ligeiras de igualá-lo naquilo que fazia.

Ele reproduzia, com absoluta exatidão, palavra por palavra, detendo-se nas pausas recomendadas pela pontuação, textos inteiros, de qualquer natureza, verso ou prosa, com ou sem menção de números, lidos cuidadosamente por outrem. Discursos, poemas, trechos de romance, trabalhos técnicos, tudo era absorvido com precisão. E, ao depois, repetido. A reação da platéia oscilava entre a perplexidade e o deslumbramento. Lembro-me bem de que, ao anunciá-lo, o mestre de cerimônia narrava saborosas historietas, alusivas a demonstrações dadas pelo nosso personagem, em respeitáveis ambientes freqüentados por líderes políticos e intelectuais de renome. Nem bem o expositor, debaixo de aplausos, dava por finda a fala nesses encontros e já o cidadão dono de memória prodigiosa surgia em cena, solicitando permissão para usar da palavra. Em tom sério, pondo todo mundo confuso e nervoso, “garantia” que o texto apresentado não passava de “descarado plágio”. Tanto isso “era verdade”, acrescentava ele, confessando-se o “verdadeiro autor” do texto, que iria repeti-lo, ali, naquele mesmo momento, parcial ou integralmente, sílaba por sílaba. A atmosfera pesada reinante só se desfazia quando, entre risos e pedidos de desculpas, surgia a explicação acerca dos inacreditáveis dons de memorização do “inoportuno” aparteante.

Nunca me esqueci do nome desse cidadão, tão vigorosa a impressão que deixou registrada, de suas habilidades incomuns, no espírito dos que testemunharam essas proezas nas diversas vezes em que se apresentou no “Salão Grená”: Eurícledes Formiga. Os anos se amontoaram, nada mais ouvi contar, adiante, a seu respeito. Até que, algum dia, um conhecido falou-me da existência em Belo Horizonte de um centro espírita que traz esse nome como patrono. Imaginei naturalmente tratar-se da mesma pessoa. Mas, tanto quanto me recorde, naqueles tempos, a fantástica condição de produzir “reprografia cerebral” de Euricledes, reconhecida como inexplicável e extraordinário fenômeno, não se achava vinculada a nenhuma atividade de cunho religioso.

Comentei o fato com um grande amigo e dele colhi, a respeito do Euricledes Formiga, um sugestivo depoimento, que prometo reproduzir na sequência.

* Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

sexta-feira, 13 de julho de 2012

A arte da citação


A arte da citação

Cesar Vanucci *

“A maior dor do vento é não ser colorido.”
(Mário Quintana)

Walter Cezar Ribeiro, auditor competente, excelente praça, honra-me com a revelação de ser um de meus “25 assíduos leitores”. Reportando-se “à grande variedade e qualidade de pensamentos” de diversos autores, que costumam encimar meus artigos, informa haver recebido “recentemente um arquivo de frases selecionadas que passo às suas mãos, por considerar que de alguma forma ser-lhe-á útil”.

O arquivo, agrupando personagens destacadas nas mais diversificadas atividades, revela-se tão sugestivo, enfeixa conceitos tão interessantes que optei por desová-los, de uma só vezada, ocupando por inteiro com o material remetido pelo Walter, todo o espaço de hoje. Afinal de contas, como sustentava Valery Larbaud, existe uma arte da citação. Deleitar-se com ela é uma boa.

- “Sou egoísta, impaciente e um pouco insegura. Cometo erros, sou um pouco fora do controle e às vezes difícil de lidar, mas se você não sabe lidar com o meu pior, então com certeza, você não merece o meu melhor!"(Marilyn Monroe)
- “Dentro de um abraço é sempre quente, é sempre seguro. Dentro de um abraço não se ouve o tic-tac dos relógios e, se faltar luz, tanto melhor. Tudo o que você pensa e sofre, dentro de um abraço se dissolve." (Martha Medeiros)
- “Quando se aprende a amar, o mundo passa a ser seu." (Renato Russo)
- “A maior dor do vento é não ser colorido.”(Mario Quintana)
- “As vezes ouço passar o vento... E só de ouvir o vento passar vale a pena ter nascido.” (Fernando Pessoa)
- “Se você acha que ama duas pessoas ao mesmo tempo, escolha a segunda. Porque se você realmente amasse a primeira, não teria uma segunda opção.” (Johnny Depp)
- “A noite acendeu as estrelas porque tinha medo da própria escuridão..!” (Mário Quintana)
- “A maior covardia de um homem é despertar o amor de uma mulher sem ter a intenção de amá-la." (Bob Marley)
- “O amor é isso. Não prende, não aperta, não sufoca. Porque quando vira nó... já deixou de ser laço.” (Mário Quintana)
- “Há homens que têm patroa. Há homens que têm mulher. E há mulheres que escolhem o que querem ser.” (Martha Medeiros)
- “Se meu olhar me trair e deixar transparecer toda a ternura que tenho por ti, disfarça. Se meu olhar, em seu olhar, encontrar a mesma sintonia, por favor, sorria!”(Victor Hugo)
- "Eu caminho vivo no meu sonho estrelado..." (Victor Hugo)
- “O bonito me encanta. Mas o sincero, ah! Esse me fascina...!” (Clarice Lispector)
- "Felicidade é quando o que você pensa, o que você diz e o que você faz estão em harmonia." (Gandhi)
- “A humildade não está na pobreza, não está na indigência, na penúria, na necessidade, na nudez e nem na fome. A humildade está na pessoa que tendo o direito de reclamar, julgar, reprovar e tomar qualquer atitude compreensível no brio pessoal, apenas abençoa.” (Emmanuel)
- "Sou um coração batendo no mundo." (Clarice Lispector)
- “O amor é grande e cabe nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar. O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar.” (Carlos Drummond de Andrade)
- “O som aniquila a grande beleza do silêncio.” (Charles Chaplin)
 “A primeira coisa mais importante do mundo é amar alguém, a segunda é ser amado, e a terceira é que as duas primeiras aconteçam ao mesmo tempo.” (Fernando Pessoa)
- “Há duas formas para viver a sua vida: Uma é acreditar que não existe milagre. A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre.” (Fernando Pessoa)
- “No mundo sempre existirão pessoas que vão te amar pelo que você é...e outras que vão te odiar pelo mesmo motivo.” (William Shakespeare)
- “É incrível como alguém pode quebrar seu coração e você ainda pode amá-los com todos os pedacinhos.” (Pablo Neruda)
- “Saudade é solidão acompanhada, é quando o amor ainda não foi embora, mas o amado já...” (Pablo Neruda)
- “A vida é um palco de teatro que não admite ensaios. Por isso, cante, chore, ria, antes que as cortinas se fechem e o espetáculo termine sem aplausos.” (Charles Chaplin)

* Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

quarta-feira, 11 de julho de 2012

A descoberta do “bóson de Higgs”


A descoberta do “bóson de Higgs”

Cesar Vanucci “

“Superamos uma etapa em nossa compreensão da Natureza.”
(Cientista Rolf Heur, diretor-geral do Centro Europeu de Pesquisas Nucleares)

Os intensos rumores dos últimos meses em torno de uma descoberta cientifica extraordinária no campo da física quântica parecem haver se confirmado. Cientistas vinculados aos programas do Centro Europeu de Pesquisas Nucleares admitiram a existência de uma nova partícula subatômica, descrita como sendo o chamado “bóson de Higgs”, também conhecido como a “Partícula de Deus”, elemento que ajudaria a explicar o que dá tamanho e forma a toda a matéria existente no Universo.
As imagens que percorreram o mundo, à hora da revelação em Genebra, para platéia constituída dos mais renomados cientistas do mundo, acerca do “bóson de Higgs”, deram a medida exata da magnitude da descoberta. Pelos aplausos entusiásticos e semblantes emocionados dos físicos ficou muito bem evidenciado que uma barreira transcendente no campo das pesquisas acabara de ser magistralmente transposta. O clima de exultação à volta do britânico Peter Higgs, cientista de 83 anos que, desde 1964, postula por dedução a existência da célebre partícula que leva seu nome, dimensionou também o significado histórico da divulgação feita. “Superamos uma nova etapa em nossa compreensão da Natureza. Esta partícula permitirá descobrir outros mistérios de nosso universo”, asseverou, eufórico, o cientista Rolf Heuer, diretor-geral da instituição (CEPN) em que se acha instalado o “grande colisor de hádrons” (LHC), o maior acelerador de partículas do mundo, onde foram desenvolvidas as pesquisas.
Arrisco, ancorado apenasmente na intuição, bastante consciente do elevado grau de meu analfabetismo cientifico, um singelo palpite: a descoberta, por mais avançada que tenha sido, não deverá representar, ao contrário do que muita gente tem sustentado, resposta definitiva para questões verdadeiramente essenciais da aventura humana. Em meu modesto entendimento das coisas, o atual estágio espiritual da humanidade não oferece condições para que a ciência, ou qualquer outro valioso instrumento nascido da inteligência humana, consiga decifrar por completo, de forma convincente, a charada da existência. Isso vai ter que ficar pra mais adiante.  Bem mais adiante nessa extensa caminhada humana, tão pontilhada de situações inexplicáveis. O “bóson de Higgs”, independentemente das extraordinárias faculdades que lhe sejam atribuídas, mesmo que os sábios o apontem como elemento-chave da estrutura fundamental da matéria, passará a ser enxergado, dentro em breve, em sua real proporção. Noutras palavras, como uma nova, importantíssima e promissora vereda no complexo esquema de identificação dos elementos componentes das chamadas partículas elementais. Assim como já aconteceu no passado com o átomo. A expressão “Partícula de Deus”, com que resolveram açodadamente batizá-lo, acabará sendo vista como um exagero colossal na descrição de suas singulares propriedades.

* Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Solenidade de Posse da Diretoria da AMULMIG

Solenidade de Posse da Diretoria da AMULMIG

 2012 - 2014
Em reunião realizada em 03 de julho de 2012, às 16 horas, na sede da AMULMIG, tomou posse a Diretoria da AMULMIG, gestão 2012 - 2014 e o Conselho Superior da AMULMIG - 2012 -2016.

Altair Andrade de Pinho, Francisco Vieira Chagas, Elisabeth Rennó, Luiz Carlos Abritta,
Conceição Abritta, Ismaília de Moura Nunes e Cely Vilhena
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Presidente Emérito: Luiz carlos Abritta
Presidente: Elisabeth Fernandes Rennó de Castro Santos
Primeira Vice-Presidente: Maria Conceição Antunes Parreiras Abritta
Segunda Vice-Presidente: Ismaília de Moura Nunes
Secretário Geral: Francisco Vieira Chagas
Primeira Secretária: Altair Andrade de Pinho
Segundo Secretário: João Quintino da Silva
Primeira tesoureira: Elza Aguiar Neves
Segunda Tesoureira: Angela Togeiro Ferreira
Primeira Bibliotecária: Maria de Lourdes Rabello Villares
Segunda Bibliotecária: Eva Maria Queiroz
Comissão de Avaliação:
César Vanucci
Maria Lúcia Godoy Pereira
Maria Auxiliadora de Carvalho Lago
Comissão de Contas:
José Benedito Donadon-Leal
Daniel Antunes Júnior
Luiz Alberto de Almeida Magalhães
Comissão de Relações Públicas:
Gabriel Bicalho
Cândida Corrêa Cortes Carvalho
Maria Carmem de Castro Amorim Ximenes de Souza
Comissão de Artes:
Janine Fanucci de Almeida Melo
Andreia Aparecida Silva Donadon Leal
José Sebastião Ferreira
Conselho Superior - gestão 2012-2016
Presidente: Cely Maria Vilhena de Moura Falabella
Secretária:Maria Lúcia Godoy Pereira
Membros: Almira Guaracy Rebêllo, Altair Andrade de Pinho, Aluízio Alberto Quintão, Ana Ataíde Ferreira da Silva, Angela Togeiro Ferreira, Cândida Corrêa Cortes Carvalho, Clara Maria Rodrigues Barbosa, Gérson Cunha, José de Assis, José Anchieta da Silva, Maria Laura Pereira da Silva Couy, Maria Natalina Jardim, Maria Terezinha Costa Val Araújo, Mercês Maria Moreira, Natércia Silva Villefort Costa e Zeni de Barros Lana.

Luiz Carlos Abritta, Presidente Emérito, fez discurso de louvação à AMULMIG e desejo de
boa gestão à nova Diretoria

Elizabeth Rennó discursa em nome da nova Diretoria
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Cely Vilhena discursa em nome do Conselho Superior

J. B. Donadon-Leal - Comissão de Contas

Andreia Donadon Leal - Comissão de Artes

Gabriel Bicalho - Comissão de Relações Públicas
Galeria de Fotos dos Presidentes
Na solenidade de 03 de julho de 2012, a galeria de fotos dos presidentes ganhou a foto da quinta presidente da AMULMIG, Elisabeth Fernandes Rennó de Castro Santos. As fotos dos demias presidentes, restauradas, devolveram brilho àqueles que tanto fizeram pela grandeza desta Academia.

Galeria de Fotos dos Presidentes: 1º Alfredo Marques Vianna de Góes, 3º Jésus Trindade Barreto,
4º Luiz Carlos Abritta e 5ª Elisabeth Fernandes Rennó de Castro Santos
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Luiz Gonzaga Pessoa fez show de declamação de poesia

Agressão aos preceitos humanísticos


Agressão aos preceitos humanísticos

Cesar Vanucci *

“Homens são homens. Esquecem-se, às vezes de ser humanos.”
(Shakespeare)


Não sei bem precisar o motivo pelo qual, em meio ao costumeiro turbilhão do noticiário, três fatos sem quaisquer conotações, divulgados sem espalhafato, ocorridos em contextos culturais e geográficos diversificados, remoeram de forma persistente a minha cuca no final da semana. Consultando os botões de meu pijama, deduzi a hipótese de que, talvez, a explicação se contivesse na circunstância de serem, todos eles, de certa forma, reveladores de distorções comportamentais recebidas, via de regra, por aí afora, sem grandes questionamentos críticos. Distorções essas – acrescente-se - em flagrante discrepância com preceitos humanísticos que recobrem a vida de dignidade.

Estes os fatos.
Como a Ucrânia e a Polônia foram escolhidas sedes da Eurocopa 2012, a mídia esportiva dedicou razoável espaço para falar do que anda rolando nos dois paises em termos econômicos, políticos e culturais. Eis que, de repente, surpreendo-me diante de informações danadas de inquietantes sobre o antissemitismo que grassa solto num e noutro país e sobre ostensivas manifestações de feição neonazista levadas continuamente a público em território ucraniano. As imagens de pessoas agitando, inclusive em estádios de futebol, o símbolo mais característico da sinistra era hitlerista, a suástica, deixam-me perplexo. As informações que complementam as inacreditáveis cenas não fazem por menos. Fica-se sabendo, por exemplo, que vem ganhando crescente expansão na vida política ucraniana um partido chamado Svoboda, que prega abertamente o ódio racial. Seus seguidores conservam na conta de ídolos os veteranos da “Halychyna”, que nada mais é do que uma brigada dos tempos da ocupação alemã, constituída nos moldes das tenebrosas SS para cuidar da chamada “limpeza étnica”. Essa brigada ucraniana foi responsável pela chacina de 200 mil judeus. Doutra parte, o jornalista Michael Goldfarb, no “The Observer”, assinala que em estádios de futebol na Polônia, como projeção preconceituosa assimilada culturalmente, a expressão “judeu” é lançada de forma pejorativa, costumeiramente, nos duelos das torcidas, como elemento de agressão verbal recíproca. Algo atordoante.

O outro episódio desnorteante diz respeito a uma pesquisa da Universidade de São Paulo, divulgada em vários jornais. O “Núcleo de Estudos da Violência” saiu às ruas em onze capitais brasileiras, ouvindo pessoas sobre o que pensam do emprego da tortura pra fins de obtenção de provas. Os números apurados são de estarrecer um frade de pedra. Quase a metade dos entrevistados concorda totalmente ou parcialmente com a utilização desse “método” selvagem e covarde de se extrair “confissões” de presos. Seja observado que, em pesquisa anterior, no ano de 1999, o índice de aprovação da tortura foi, apesar de preocupante, menor: 34% contra os 47.5% de agora (pesquisa de 2010). Os que repudiam totalmente essa hedionda modalidade punitiva somavam, em 1999, 71.2% dentre as pessoas ouvidas. O índice caiu alarmantemente para 52.48% na pesquisa de 2010. É de dar calafrio na espinha.

O último fato a comentar tem raiz numa extraordinária façanha cientifica. Dez anos atrás, na África do Sul, uma equipe de médicos sul-africanos e estadunidenses conseguiu, num feito celebrado ruidosamente, separar gêmeos siameses da Zâmbia unidos pelo crânio.
A história de como tudo se processou, antes, durante e depois da miraculosa intervenção, é relatada em documentário de tevê com abundância de pormenores. Os garotos, desfrutando atualmente de plena autonomia de movimentos, são mostrados em diferentes ocasiões de sua rotina de vida. Inesperadamente, uma revelação pra lá de desconcertante, se é que esta palavra basta para absorver devidamente o impacto. Os dois necessitam de cuidados educacionais especiais, à vista de sequelas deixadas pela intervenção cirúrgica. Os pais não dispõem de recursos para cobrir o custeio desses serviços de atendimento especial de que os filhos se fazem carecedores. E não é que ninguém aparece, nesse cenário dramático, com disposição para botar um final feliz no caso? Difícil pacas ignorar o toque perverso da situação.

Eta mundo velho de guerra sem porteira, refratário à justiça social e à solidariedade humana!

* Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)