domingo, 24 de junho de 2012


Energia liberada pelas mãos
Cesar Vanucci *

“Energia liberada pelas mãos consegue curar malefícios.”
(Conclusão de pesquisa do cientista Ricardo Monezi)

Volta e meia acontece. Lançando-se com toda gana de alpinistas resolutos na escalada das pesquisas feitas com o propósito de obtenção de novos entendimentos sobre o sentido das coisas, os cientistas se deparam, deslumbrados, ao atingirem o topo da montanha, com os vestígios intrigantes da passagem por ali, precedendo-os, de pensadores comprometidos com a divulgação da sabedoria mística.
As descobertas científicas, acabam, nesses casos, confirmando o que já vinha sendo propagado há muito, em círculos restritos. E que, costumeiramente, vem de ser recebido com descrença e, até mesmo, zombaria, pra dizer pouco, em setores amplos da sociedade. A história humana é carregada de registros dessas precedências místicas às comprovações cientificas. Projetando posições vanguardeiras, algumas dessas revelações antecipatórias revolveram conceitos, causaram ebulição, arrotaram incompreensões, desnudaram reis, desmontaram paradigmas bolorentos. Mas todo esse colossal esforço de sensibilização intelectual pela releitura dos acontecimentos cobra, via de regra, pesado tributo dos que cometem a ousadia de questionar as “verdades” estratificadas do “conhecimento consolidado”, erigidas como dogmas de fé. As labaredas inquisitoriais, de modo prático e em sentido figurado, representaram para muita gente, desde sempre, a única “recompensa” auferida pela reinterpretação de lances marcantes da aventura humana, dados pelo “saber dominante” como definitivamente solucionados. Acontece que este nosso mundo velho de guerra, regido por formulações assimétricas, comporta variáveis sem conta, não percebidas aos primeiros olhares investigativos. Nascem aí interrogações para as quais não se encontram respostas prontas. E, quando encontradas, as respostas tendem a provocar incredulidade.
Estas singelas considerações entram aqui a propósito das conclusões de uma pesquisa recente da USP (Universidade de São Paulo) e Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Não sei ao certo mas, com toda certeza, as duas respeitáveis instituições não terão sido as primeiras a chegarem aos resultados anunciados. Estudo desenvolvido nos últimos anos comprovou que a energia liberada pelas mãos encerra o poder de curar qualquer tipo de mal estar. O trabalho foi elaborado com base em técnicas manuais conhecidas: os célebres “passe” e “imposição de mãos”, assimilados nos rituais de algumas vertentes religiosas; o “johrei”, empregado pela Igreja Messiânica. As avaliações de tais processos de emissão energética começaram há 12 anos, tema de mestrado de um pesquisador da Faculdade de Medicina da USP, o cientista Ricardo Monezi. Coube a ele a iniciativa de investigar os possíveis efeitos da prática da imposição das mãos. “Meu interesse pelo assunto veio de vivência própria, já que a técnica do “Reiki” havia me ajudado a sair de uma crise de depressão”, assinala o pesquisador. Examinando a fundo os efeitos das aplicações de energia manual em camundongos, foi possível observar um notável ganho de potencial das células de defesa do animal contra a progressão de tumores.
Além dos efeitos fisiológicos, foram observados também efeitos psicológicos. De tudo isso adveio a constatação de que a imposição de mãos é capaz de liberar energia que proporcione bem-estar. O pesquisador argumenta que “a ciência chama tais energias de “energias sutis” e considera que o espaço onde estas se acham inseridas esteja próximo às frequências eletromagnéticas de baixo nível”. Na notícia divulgada a respeito desses estudos de mestrado e doutorado, que abrangeram também avaliações com pessoas idosas portadoras de estresse, assinala-se que as práticas redundaram em redução de tensões e de sintomas de ansiedade e depressão, além de revigorante relaxamento mental e corporal. Outras investigações dentro dessa linha vêm sendo procedidas pelos pesquisadores.
Não resisto à tentação, por derradeiro, de registrar, como fruto de observações pessoais de algumas décadas, na mera condição de investigador solitário dos chamados “fenômenos transcendentes”, que os interessantes resultados dessa inspirada pesquisa das duas universidades paulistas não me trazem surpresa alguma. O que consegui acumular, nesses anos todos, em informações a respeito do fascinante assunto dá pra compor uma sequência bastante extensa de artigos.

* Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

segunda-feira, 11 de junho de 2012

A Dança do Vento
Vilma Cunha Duarte 
 
Quieta no meu cismar
Vejo as artes do vento
Que assobia que dança
Na coreografia  tão sua
De  provocar  natureza

Acorda  dia preguiçoso
Refrescado com orvalho
De beijos da noite amante
Venta setembro calorento
Desflorando a primavera

Tomba frutos condenados
Levanta braços de árvores
Sopra voraz  folhas mortas
Dançando  ballet diferente
Para quem sente a  poesia

O vento ousado  toca-me
Acariciando  lembranças
Acordando  as  saudades
Dormideiras no coração
Abraçadas no meu amor
 
 
Faça assim
Fácil resolver os problemas dos outros.  Complicados são os pessoais. Já recebeu a receita milagrosa para lidar com uma situação de estresse e o kit - Solução tiro e queda -?
Acontece toda hora, com a melhor das intenções. Uma pena não funcionar.

Famílias mudam apenas de nome e endereço, repete o lugar-comum.
Situações parecidas fazem parte de todas, mas a individualidade dos membros não bate com receitas pré-fabricadas.

Se os homens tivessem ou viessem com um manual, a vida seria um mar de rosas, pede a palavra novamente, o desgastado lugar-comum.

A experiência guardada nos compartimentos dos muitos anos vividos vai enxugando textos exagerados que a fantasia escreve para a ilusão insensata.

Cada pessoa é o que é sem tirar nem pôr. O peso maior das insatisfações fica nas costas do desejo de mudar o outro. Nasceu assim vai morrer assim, intromete-se o lugar-comum de novo.

Tampouco o curso da vida. Quem pode mudar um milésimo de segundo do seu tempo?
Ou uma vírgula do que lhe está predestinado?

Então, o jeito é dar um jeito de aclamar os dias que o sujeito ainda tem, do jeito que der.
Jeito demais? Concordo. Redundância cansativa.

É assim que gente grande faz. Repete-se frequentemente. As mesmas coisas...os mesmos erros...
Reduzindo a graça de viver a um reprisado e melancólico lugar-comum.

Problemas fazem parte da vida e soluções também.
Não sair deles, isso sim, é um desperdício de momentos felizes.

Se tentássemos imediatamente, desatar nossos nós como se estivéssemos desatando os dos outros, já não seria um afinado começo de cantiga?

Tem hora, que a barra pesa mesmo. Não é só a sua. Todo mundo enfrenta seus pedaços. Impossível trocar as cargas. Elas vêm com prazo de validade individual.

Viver com mais leveza pode ajudar e muito.

Quem sabe, desligar um pouco a boca da televisão com suas falas desgracentas.

Descansar das políticas e dos políticos imprevisíveis, de surpreender e decepcionar.

Perdoar tudo que amarga no fígado, entope veias e adoece o coração.

Não reviver momentos ruins em prosas pessimistas.

Cantar músicas de lembranças venturosas, assoviar canções bonitas, dançar a vida.

Ver os dois lados de tudo que acontece, e guardar o mais positivo.

Dar-se conta que é lua cheia no manto tecido com prata e bordado com estrelas no céu.

Descobrir em si mesmo e nos semelhantes bons motivos de tentar ser feliz.

Agradecer por tudo, todos e principalmente, a Deus.

Abrir a janela para o sol, ver a manhã virar tarde nos afazeres benditos, e sossegar na noite de  sair... de amar...de dormir...
Faça assim!

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Discurso posse de Cesar Vanucci


Festa da Academia

Cesar Vanucci *

“A Academia é uma guardiã de saberes acumulados.”
(Antônio Luiz da Costa, professor)

Um acontecimento de relevância cultural indiscutível. Assim a solenidade de posse da diretoria que irá reger os destinos da Academia Mineira de Leonismo no biênio 2012/2014, realizada no último dia 29 de maio.
Público numeroso, constituído de intelectuais, líderes políticos e de outros segmentos comunitários, dirigentes de entidades literárias, educacionais, cientificas e classistas, integrantes do movimento Leonístico, lotou as dependências do Teatro da Assembleia Legislativa.
Entre outras figuras de realce, estiveram presentes ao evento o presidente da Federação das Academias de Letras e de Cultura do Estado de Minas Gerais, acadêmico Aloísio Garcia, secretário geral da Academia Mineira de Letras; o deputado dr. Viana, representante da Assembléia Legislativa de Minas; a escritora Conceição Abritta, presidente da Academia Mineira Feminina de Letras; o escritor Luiz Carlos Abritta, presidente da União Brasileira dos Trovadores e presidente emérito da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais; o acadêmico João Bosco Castro, presidente da Academia de Letras Guimarães Rosa, da Policia Militar de Minas Gerais, o advogado e acadêmico Sebastião Braga, ex-diretor internacional do Lions Clube; o coronel Ary Vieira Costa, presidente do Circulo Militar de Minas Gerais.
A parte artística da programação ficou a cargo da Orquestra de Cordas “Sol das Gerais” de Betim, regida pela maestra Vânia Maria Mendes. Esse esplêndido conjunto musical é composto de jovens selecionados em áreas de vulnerabilidade por um edificante projeto de inclusão social, mantido por empresários, levado avante com excepcionais resultados, por pessoas de boa vontade na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O espetáculo apresentado foi de rara beleza. Arrancou aplausos entusiásticos da platéia.
A diretoria empossada, que tem na presidência este amigo de vocês, é integrada pelos seguintes acadêmicos: ex-Presidente Imediato, Sóter do Espírito Santo Baracho; 1º Vice-Presidente, José Alves Viana (Doutor Viana); 2º Vice-Presidente, Nancy Moura Couto Konstantin; 3º Vice-Presidente, Vespasiano de Almeida Martins Neto; 1º Secretária, Maria das Graças Amaral Campos; 2º Secretário, Marcos Boffa; 1º Tesoureiro, Maria Jorge Abrão de Castro; 2º Tesoureiro, Maria Celeste Martins; 1º Diretor Bibliotecário, Marilene Guzella Martins Lemos; 2º Diretor Bibliotecário, Edite Buéri Nassif; 1º Diretor Social, Carminha Ximenes; 2º Diretor Social, Sônia Maria Queiroga Ferreira; Diretor Jurídico, Ernani Martins de Melo Rocha; 1º Orador Oficial, Sebastião Braga; 2º Orador Oficial, Sóter do Espírito Santo Baracho; Diretores Vogais, Antônio Carlos Tozzi Henriques, Augusto César Soares dos Santos, Daniel Antunes Filho.
Coube à acadêmica Nancy Moura Couto Konstantin proferir a “Invocação a Deus” que, tradicionalmente, abre as assembléias leonisticas em todos os lugares. O acadêmico Sebastião Braga homenageou Sóter Baracho com uma placa de reconhecimento pelo brilhante trabalho por ele executado no período em que presidiu a Academia.
Os oradores Sóter e Braga revelaram-se pródigos em demasia nas referências ao presidente empossado. Aos exageros por eles cometidos nessas referências pessoais, nos discursos de substancioso conteúdo cultural proferidos, juntou-se calorosa manifestação de apreço de amigos reunidos na platéia. Encheram-me a bola a tal ponto que me senti “encorajado” a confessar estar balançado com relação a algo até certo tempo atrás inimaginável. Filiar-me a partido político e – quem sabe? – sair candidato nas próximas eleições a um cargo qualquer. Segundo suplente de Juiz de Paz da Comarca, por exemplo, dá pra imaginar?


Origem, proposta e destino da Academia

Pronunciamento de Cesar Vanucci na solenidade de posse da diretoria da Academia Mineira de Leonismo - dia 29 de maio de 2012, no Teatro da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
Esta Academia tem uma origem ilustre, uma proposta nobre e um destino de grandeza.
Nasceu sob as inspirações vibrantes de companheiros que têm seus nomes cravados na “calçada da fama” das realizações leonísticas.
A menção de dois deles, com a benevolente permissão dos demais, serve para exaltar, emblematicamente, o mérito dos que compartilharam, em diferentes momentos, dos sonhos e ações desabrochados em tantas celebrações da inteligência e da sensibilidade que compõem a crônica da instituição. Reverencio-os: Felipe Machado Cury, de saudosa memória, Ernani Martins Melo Rocha, governador do Lions à época da criação do órgão.
A Academia traz uma proposta nobre.
Proposta, claro está, encharcada de leonismo. Vale dizer, repleta de humanismo, que tem tudo a ver com a prática da solidariedade humana, com a busca infatigável de caminhos melhores na edificação da pátria terrena.
A Academia tem, por outro lado, compromisso com a tradição. Conserva em alto apreço o conhecimento consolidado. Mas tem, também, um compromisso com a contemporaneidade das coisas. Procura viver o seu tempo, assestando o olhar perquiridor nos desafios do amanhã. Não pode deixar de ser depositária de conhecimentos valiosos, guardiã serena de saberes acumulados.

De outra parte, ela não cumprirá sua missão a jeito se deixar engessar-se pela falsa certeza de que os paradigmas criados no curso da aventura humana para identificar momentos culturais relevantes, precisam ser vistos fatalmente como dogmas de fé. O mundo gira e as mudanças são inevitáveis. Uma Academia não pode deixar, assim, se emaranhar, em suas propostas, pelas teias traiçoeiras do apego fanatizado a conceitos de notória falsidade cultural.
A Academia tem um destino de grandeza.
Alimenta-se dos conhecimentos e experiências consolidados, de riqueza inexaurível, do movimento leonístico. Processa-os de modo a realimentar o movimento leonístico de informações de utilidade que lhe assegurem, sem perda de substância, fiel aos princípios essenciais, permanência e modernidade.
É bom, sob esse aspecto, não se perder de vista, mode evitarem-se equívocos e injustiças, a visão distorcida que muitos têm do que seja modernidade. Moderneiras – mas não modernas -, certos viventes aprontam confusão tremenda quando colocam, por exemplo, a economia como um fim em si mesma, esquecidas de que a Economia, assim como a tecnologia, não é fim em si mesma. É meio para se atingir um fim. E o fim é sempre social.
Ser moderno significa, na realidade, colocar todo o resto sob o primado do espírito humano. É colocar a inventiva das pessoas, o potencial de serviços da sociedade em favor do bem estar social. É dar tratamento privilegiado ao social no gerenciamento dos negócios comunitários. É encarar a miséria, a falta de oportunidades profissionais, o desemprego, as endemias, a ausência de escolas e de tetos, como pecados sociais, a serem expurgados em nome dos sentimentos humanísticos.
O quadro social de nosso país não pode deixar de ser avaliado na programação acadêmica. O que Camões assinalou, num outro contexto, se ajusta, como luva, às circunstâncias brasileiras: “Todas as notas da elegia das aflições humanas soluçam neste quadro de suprema angústia...”

O Acadêmico é um ministro da palavra.
Esculpindo conceitos edificantes, conferindo dinamismo e vibração às ideias, demarcando e alargando o espaço reservado às ações de construção humana, a palavra é sempre pura magia. Aliás, tomando emprestada definição de Ronsard, a única magia. E tudo porque, segundo o mesmo pensador, a alma é conduzida e regida pela palavra e a palavra é sempre dona do coração. Os praticantes do ofício das letras, conscientes de que sua arte é forma sublime de expressão dos sentimentos, usam do poder mágico da palavra, da força de sedução da palavra para  celebrar a vida. Entendem como dever utilizar o talento com o fito de espalhar beleza e disseminar verdades. Para expandir a consciência humana, apontar trilhas, criar condições perenes de ascensão social. Exercitando a curiosidade, transformam o ato de viver numa aventura poética. “A vida se vive e se escreve”, proclama Pirandello.
Tudo que acabo de dizer remete ao reconhecimento de que a palavra, como acontece também com os demais dons concedidos ao homem em sua busca infatigável do sentido das coisas, deve sempre revestir-se – seja repetido - de significado social.
Nasce aí a explicação dos motivos pelos quais os intelectuais, os artífices da palavra, escritores, poetas, pensadores, tribunos, cientistas, comunicadores, educadores, pessoas que trabalham por vocação, ou profissionalmente a palavra, merecem ser vistos como “ministros da palavra social.”
Essa honrosa condição implica em posicionamentos diante das coisas do mundo. Esse mundo de Deus, que anda precisando muito de ser reconectado com sua humanidade. A palavra social ajuda na indispensável reformulação de estruturas econômicas e sociais iníquas, geradoras da miséria, fome e doenças que tanto afrontam a dignidade humana.
A palavra social há que ser empregada na condenação das guerras que as mães abominam. As guerras do terror e o terror das guerras. Na condenação das lateralidades ideológicas incendiárias, dos fundamentalismos religiosos ou políticos de quaisquer matizes, que conduzem ao despotismo, ao obscurantismo, ao terrorismo sem entranhas, ao racismo, a discriminações de todo jaez e ao imobilismo social. A palavra social profliga a hipocrisia e arrogância dos “donos do mundo”, com suas regras capciosas de subjugação humana. Essas regras fabricam estatísticas estarrecedoras. A fortuna acumulada dos 500 grupos e pessoas mais bem aquinhoados do planeta equivale, conforme atesta a ONU, ao patrimônio somado de 3/4 da sociedade humana.
No contexto brasileiro, a palavra social não pode deixar de eleger como prioridade as cobranças pela prevalência da conduta ética na vida pública, com repulsa à enojante atuação de corruptos e corruptores em toda a ampla escala da convivência pública ou privada, e pelo culto do sentimento nacional nas ações gerais do governo e sociedade. Não pode deixar de insistir, também, na adoção de posturas coletivas em defesa, altiva e resoluta, da cultura brasileira, do idioma brasileiro, do patrimônio dos brasileiros. No que concerne à cultura e ao idioma, nunca é demais recordar que o uso desatinado, como tanto se vê por aí, de vocábulos estrangeiros para classificar coisas óbvias do cotidiano é indicação clara de pauperismo intelectual, subserviência cultural e panaquice ampla, geral, irrestrita e irremediável.
No tocante ao patrimônio nacional – e estamos falando aqui de soberania e segurança nacionais -, é necessário atentar para os sinais de ameaças e cobiças externas que mantêm sob permanente mira a riquíssima Amazônia. Muitas lideranças brasileiras, com destaque para as lideranças militares, têm alertado para o que vem rolando sob esse aspecto. É preciso levar na devida conta esses sinais.

Meus amigos,
Por derradeiro, uma profissão de fé: as utopias fazem parte da caminhada. “Se as coisas são inatingíveis, ora! Não é motivo para não querê-las. Que tristes os caminhos se não fora a presença distante das estrelas.” (Mário Quintana)
Esforcei-me quanto pude, nesta descolorida arenga, em traçar um utópico roteiro de conduta para a nossa Academia. As utopias são parte indissociável da aventura humana.

“Sonho, logo existo”, disse alguém, em algum lugar. Desajeitado propagador de idéias que costumam roçar as sutis fimbrias da quimera, não abdico, apesar de tudo, de todos os pesares, de minhas crenças no ser humano.
Imagino possível, algum dia, que a utopia cantada nos versos de tantos poetas venha a ser concretizada no advento radioso de uma era universal plenamente democrática, ecumênica, harmoniosa, humanística, forjada por corações fervorosos. Uma era onde “o homem possa confiar no homem, assim como a palmeira confia no vento, o vento confia no ar, o ar confia no campo azul sereno do céu”, como propõe Thiago de Mello.
Muito obrigado a todos quantos aqui compareceram e fizeram desta noite feérico, amorável e fraternal encontro de congraçamento humanístico. Palavra de leão!

* Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

sábado, 2 de junho de 2012

Nossos Ódios Cotidianos



Nossos Ódios Cotidianos
Andreia Donadon Leal

Tudo na vida tem que ter seu ponto de equilíbrio, para fluir normalmente. Isto pode ser aplicado a quaisquer assuntos e ações inerentes às relações humanas e acontecimentos científicos, que tenham o ser humano como agente.
A energia elétrica, por exemplo, é gerada a partir de diferenças de potencial elétrico entre dois pontos (tensão elétrica negativa para outro ponto de tensão elétrica positiva), que permite estabelecer corrente elétrica entre ambos.
Para a multiplicação da vida é necessário a junção das células sexuais masculina e feminina, cada uma delas contendo metade do número de cromossomos. Quando o espermatozóide entra no óvulo, fundem-se os dois, gerando outro ser ou uma nova vida.
Para conviver com seu semelhante, é necessário ter o ponto de equilíbrio, para uma relação respeitável, aceitável e acolhedora pela sociedade. Esse “ponto de equilíbrio” seria, talvez, a racionalização ou medida de tudo o que há na vida. Explico-me. Uma criança foi castigada (ficou uma semana sem poder acessar a internet), por não ter cumprido os deveres da escola. Para ela, o castigo dado é injusto e inapropriado. Depois de certo tempo, a criança compreende que o castigo foi bem intencionado. Dessa forma, encontramos o “ponto de equilíbrio”, no momento em que ela toma consciência de que a suposta “injustiça” de ficar uma semana sem ligar o computador, estava de certa forma, justificada pelos motivos educacionais que levaram sua mãe a tal medida.
Daí, nos deparamos com outro assunto pertinente e tão antigo como a própria criação do mundo – o ponto de equilíbrio entre o amor e o ódio.
Ninguém ama integralmente seus semelhantes, apesar de o Evangelho de São João relatar que Jesus ordenou aos seus apóstolos, de que era imprescindível “amar uns aos outros como ele os amou”. Se amássemos o próximo como a “nós mesmos”, ou seguíssemos ao pé da letra este preceito, viveríamos no estado integral e permanente da paz. No entanto, os “pequenos ódios cotidianos” são sentimentos reais, vivificados e vivenciados por indivíduos de todas as classes sociais, sem distinção.
A inveja, por exemplo, é expressão clara de nossos “pequenos ódios cotidianos” e não o “desejo de ser ou ter aquilo que o outro tem”, mas é estado de pura infelicidade consigo mesmo, com suas limitações, com sua incapacidade de “engolir” as diferenças existentes, de superar as coisas; de desânimo e de descrença com sua capacidade de criar ou de gerar coisas novas. É mórbido o descontentamento com as limitações (todos os seres humanos possuem limitações!), dificuldades ou falta de talento para fazer determinadas coisas; mas é preciso saber que as limitações não são para TODAS AS COISAS.
Os seres humanos nascem com talentos diversificados, cada um em sua área ou campo específico. Uns nascem com verve para serem artistas, escritores, músicos, professores, médicos, políticos, mães, pais, trabalhadores, etc.
Somos diferenciados e múltiplos, apesar de pertencermos à mesma espécie: ser humano, com qualidades e defeitos. Mas, que estes dois pontos divergentes –“qualidade e defeito” sejam bem dosados, medidos e equilibrados pelo homem, para não afundá-lo numa rede de intrigas, de rancores e de ódio que ultrapassarão “nossos ódios cotidianos ou do dia-a-dia”, destruindo as relações de cordialidade, de amizade e de cumplicidade, que nos diferencia dos seres bárbaros ou dos que perderam a noção de medida. Há uma frase famosa do filósofo Protágoras que elucida que o “homem é a medida de todas as coisas: das que existem, porque são; e das que não existem, porque não são”.
Urge equilibrar a balança, os pontos negativos e positivos, para aprendermos a conviver com o amor e o ódio, com a felicidade e a infelicidade, com ganhos e perdas, com nossas limitações, talentos, energias, fraquezas, com a efêmera existência e com o estado permanente de não existir, nessa teia frágil, delicada e preciosa, chamada “vida”.


A busca da "partícula de Deus"


A busca da “partícula de Deus”

Cesar Vanucci *

“A peça que falta para o quebra-cabeças.”
(Fernando Werkhaizer, físico)

Cientistas famosos andam apregoando que suas avançadas pesquisas pelas enigmáticas veredas da física quântica vêm permitindo aproximação cada vez maior da chamada “partícula de Deus”. Gabam-se mesmo de já haver encontrado pistas intrigantes da localização do “bóson de Higgs”, estrutura supostamente responsável pelas interações na Natureza. No entendimento dos doutos, embora hipotético, um elemento provido de massa que teria aparecido logo após o também hipotético “Big Bang”, apontado por círculos científicos como a primeira de todas as coisas dentro da linha conceitual adotada pra explicar a Criação.

Tal partícula seria responsável pela composição dos átomos. Advém dessa circunstância a denominação que se lhe foi dada de “partícula de Deus”.

Passa bem ao largo das cogitações deste desajeitado escriba, com sua supina ignorância da temática cientifica, desdenhar ou mesmo contradizer diretamente os brilhantes físicos engajados nesse salutar propósito de descobrir, pelos atalhos das exaustivas investigações cientificas, explicações sobre como começou tudo quanto está posto aí. Mas que eu duvido possa esse bem intencionado esforço desembocar, nos prazos estipulados, nas respostas tão desejadas pelo aluvião de interrogações nascidas da compreensível inquietação humana a respeito do principio, sentido e destino da aventura da vida, ah, isso, eu duvido mesmo, sim senhores! Como se costumava dizer, noutros tempos, de forma bem descontraída em papos coloquiais, du-vi-de-o-do.

Tanto quanto o meu restrito entendimento leigo consegue alcançar dessa fascinante procura levada avante por alguns cérebros privilegiados, com o concurso de tecnologias assombrosas, o chamado “bóson de Higgs” seria assim como uma peça que estaria faltando pra fechar o quebra-cabeças da teoria do “Big-Bang”, ou seja da explosão nuclear que formou o Universo. Não passa, como já dito, de hipótese, sujeita ainda a comprovação, de acordo com a expectativa de eminentes sábios.

Os colisores de prótons, localizados em pontos estratégicos do mundo, empregados nessa busca infatigável já estariam, a esta altura, fornecendo indícios animadores (mais do que isso, talvez, convincentes) de que uma revelação concludente estaria prestes a ser anunciada. Mas, muitos cientistas, precavidamente, não descartam a possibilidade de que o processo possa não lograr atingir, por conta de fatores imponderáveis, os resultados ardentemente almejados. O modelo da investigação poderia ter sido composto com pressupostos equivocados. Se isso de fato, contrariando tantas esperanças, acontecer, ou seja, a descoberta da partícula não puder se consumar, outros caminhos haverão de ser, obviamente, desbravados pela ciência na tentativa de achar explicações consistentes para os mistérios que circundam a infinita vastidão cósmica.

Bem, e quanto às descrenças pessoais que, simploriamente, consciente do analfabetismo cientifico que carrego, entendi de externar quanto aos resultados das investigações em curso a respeito da “partícula de Deus”, no que, afinal de contas, se fundamentam? Em mera, pura e simples intuição. Nada mais do que isso. Seria rematado tolo não reconhecesse na ciência um excepcional instrumento de procura da verdade. Uma força poderosíssima em condições de movimentar idéias e ações que se entrelaçam com o futuro e o destino da humanidade. Mas, nada obstante os extraordinários feitos e conquistas proporcionados pela ciência, levando em conta de outra parte tantos problemas cruciais angustiantes, enfrentados pela sociedade humana destes nossos tempos – problemas cuja solução distante depende bastante das inovações tecnológicas –, penso, com meus botões, apoderado de certezas, ser ainda demasiadamente cedo, no atual estágio de desenvolvimento emocional e espiritual do ser humano, pra se conceber a possibilidade da decifração cabal do código da vida. O deslindamento dessa charada não é pra agora. Aposto e dou lambuja.

* Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)