quinta-feira, 22 de março de 2012

Profecias apocalípticas


Profecias apocalípticas

Cesar Vanucci *


“Haverá escuridão total.”
(Princesa Kaoru Nakamaru, da casa real japonesa,
alertando para os dias de trevas que se aproximam)


Os profetas do apocalipse estão com tudo e com toda prosa. Anunciam, com fervorosa convicção, que chegado o final dos tempos. Utilizam interpretações de livros sagrados de diferentes correntes do pensamento espiritual e filosófico, de códigos ditos maias, astecas, incas, egípcios, para embasar suas teses e teorias acerca da iminência de catástrofes avassaladoras, inimagináveis.

Este ano de 2012 vem sendo apontado como decisivo nessa linha de conjeturas. Algo muito sério, capaz de transformar tudo, de desmontar implacavelmente as estruturas de vida consolidadas nesta ilhota perdida na vastidão oceânica do espaço cósmico conhecida por Terra, está prestes a acontecer. As previsões mais propagadas dizem respeito a reações incontroláveis da Natureza, a conflito bélico com emprego de energia nuclear, a uma colisão inesperada do planeta com asteróide de grande dimensão.

Não deixa de ser intrigante anotar que, entre autores das predições sombrias, ao lado de estudiosos de fenômenos exotéricos, de fanáticos religiosos, figuram também conhecidos cientistas.

Chega-nos ao conhecimento, que da extensa relação dos profetas do holocausto faz parte também, curiosamente, impensável personagem da mais enraizada casa real das poucas que ainda resistem, no cenário mundial, ao sopro político renovador que sacode os tempos de hoje. Estou falando da casa real japonesa que, diferentemente de várias monarquias da Europa e de outros continentes, mais toleradas do que propriamente assimiladas, conserva ainda nos dias atuais vínculos de genuína sacralidade com a cultura religiosa da população. Imperador no Japão é figura transcendente. De descendência divina. Hiroito integrou o “eixo do mal” que desencadeou a 2ª Guerra Mundial. Ao contrário de Hitler e Mussolini, seus parceiros em façanhas abomináveis, garantiu-se tranquilamente no poder. Os vencedores do conflito não o chamaram a prestar contas dos malfeitos em Nuremberg. A veneração popular ao representante de uma monarquia milenar contou tanto ou mais quanto as estratégias geopolíticas em jogo, na decisão tomada de não se molestar Sua Alteza Imperial.

Entra aqui, agora, em cena a princesa Kaoru Nakamaru, figura respeitada da casa real nipônica. Uma mulher culta, com formação em política internacional e jornalismo, aclamada em 1973 pela revista “Newsweek” como “entrevistador nº 1 do mundo”, descrita pelo “Washington Post”, como “uma dessas raras mulheres com sensibilidade de destaque internacional”. Autora de 40 livros, empenhada na causa da paz, criou um Instituto com ramificações mundiais, entrevistando e contatando dignitários famosos, abrindo portas para conversações nos lugares mais difíceis. Para dar um exemplo, a Coréia do Norte.

Ela sustenta a tese de que o poder político, a riqueza, a fama não fazem as pessoas felizes e que a felicidade se projeta de corações abastecidos de amor, harmonia e paz.

Explicado tudo isto a respeito da princesa, vamos tomar conhecimento, em seguida, de incríveis declarações de sua autoria que acabam de vir a público e que se acham alinhadas com as profecias apocalípticas que correm mundo. Na “Pythagoras Conference Global 2012”, Kaoru jogou no ar afirmações inquietantes. Depois de dizer, clara e categoricamente, que se comunica com seres inteligentes de outros mundos e de registrar que no interior de nosso planeta existe uma civilização muito desenvolvida, Nakamaru revelou – olha só a precisão da data – que, de 22 de dezembro deste ano em diante, por três dias e três noites, quando a Terra vai passar para a quinta dimensão, a humanidade não conseguirá mais usar a eletricidade. “Haverá escuridão total, dia e noite sem sol, sem estrelas, sem mídia de massa, sem nenhuma informação.” Acrescentou que, em muitos lugares, uma pequena elite acredita que poderá ser salva, em cidades subterrâneas que estão implantando. Mas “essas pessoas não vão estar de fato seguras”, arrematou.

Às profecias já divulgadas, junte-se mais esse prognóstico estranho, com o registro assaz instigante de sua origem.

* Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)

terça-feira, 20 de março de 2012

Lançamento Écrivains Contemporains du Minas Gerais no Salão do Livro de Paris


 Zaíra Melillo, Goretti de Freitas, Douglas Henriques, Gabriel Bicalho, Marilia Lacerda, Andreia Donadon Leal, Gilberto Madeira, Cecy Barbosa Campos, J.S.Ferreira, Vilma Cunha Duarte e J.B.Donadon-Leal

 Catia Lemos, Vilma Cunha Duarte, Donadon, Andreia Donadon, Diva Pavesi, Marilia Lacerda, Goretti de Freitas e Gabriel Bicalho

Cobertura completa do evento em Paris e Lisboa

http://www.jornalaldrava.com.br/pag_noticia_2012.htm

 
Lançamento Écrivains Contemporains du Minas Gerais no Salão do Livro de Paris
 
Na noite de 13 de março de 2012, no salão de eventos do Cercle Republicain, 5, Av. de l'Opera, Paris, escritores brasileiros que contribuíram para o engrandecimento da cultura francesa, seja com estudos de autores franceses, seja por publicação de trabalhos literários ou científicos em língua francesa, foram reconhecidos pela Académie du Mérite et Dévouement Français com Diplomas e Medalhas. Entre os homenageados brasileiros, destacam-se os poetas aldravistas e da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais,  Andreia Donadon Leal, Gabriel Bicalho e J. B. Donadon-Leal, que tiveram suas obras reconhecidas com a comenda maior, a Medalha de Ouro e seu respectivo Diploma. As acadêmicas Zaíra Melillo Martins e Vilma Cunha Duarte foram laureadas com a Medalha de Prata e seu respectivo diploma. Os escritores receberam a Medalha sob a Chancela da Presidência Francesa.
Os poetas Aldravistas, Andreia Donadon Leal, Gabriel Bicalho, J. B. Donadon-Leal, J.S. Ferreira e as escritoras do CLESI, Marilia Siqueira Lacerda e Goretti de Freitas também foram recebidos em Portugal por Acadêmicos da Academia de Letras e Artes de Estoril. Na oportunidade, os poetas mineiros foram homenageados pela Academia de Letras e Artes e pela Academia Internacional de Heráldica de Portugal.  As entidades portuguesas e brasileiras reafirmaram seu protocolo de cooperação. Andreia Donadon Leal e J. B. Donadon-Leal fizeram palestra na Academia de Letras e Artes do Estoril sobre a poesia mineira aldravista.
No dia 15 de março de 2012, às 17 horas, aconteceu no Pavilhão 1 do Centro de Convenções de Paris a abertura oficial do 32º Salão do Livro de Paris. Escritores mineiros fizeram-se presentes e prestigiaram o Stand da Yvelin/Divine Édition, no qual têm seus livros expostos.
Autores brasileiros participam do Coquetel de abertura do Salon du Livre de Paris, dia 15 de março das 17 às 21 horas, com a presença do Presidente da República e do Ministro da Cultura da França.
No dia 16 de março aconteceu o lançamento em grande estilo com participação de escritores mineiros da coletânea "Ecrivains Contemporains du Minas Gerais", Zaíra Melillo Martins, Goretti de Freitas, Douglas Henriques, Gabriel Bicalho, Marilia Siqueira Lacerda, Andreia Donadon Leal (organizadora), Gilberto Madeira Peixoto, Cecy Barbosa Campos, J.S.Ferreira, Vilma Cunha Duarte e J.B.Donadon-Leal, que declamaram poemas, fizeram pronunciamentos, apresentações e cantaram a música "Ó, Minas Gerais e o hino do Brasil", encantando público e escritores franceses.

Neobobice vernacular


Neobobice vernacular

Cesar Vanucci *


“Essa língua (...) é a nossa língua”  
(Raquel de Queiroz)

Até hoje o Congresso Nacional não aprovou o projeto do ex-deputado Aldo Rebelo, hoje Ministro dos Esportes, que regulamenta o emprego de expressões estrangeiras em eventos públicos, meios de comunicação, estabelecimentos comerciais, educandários, embalagens de produtos, por aí. Traduzindo, de certo modo, o inconformismo da sociedade diante dessa onda abobalhada de estrangeirices vocabulares que nos assola, o projeto é visto, por muita gente de peso intelectual, como uma tentativa louvável de se deter o processo, em marcha acelerada, da desnacionalização idiomática, com todos os seus nefandos desdobramentos culturais nas práticas cotidianas. Tudo fruto de indigência cívica, pauperismo intelectual e de rematada panaquice, sinais inequívocos da atmosfera que se respira em ambientes despojados do sentimento de brasilidade.

Mesmo não conhecendo na íntegra o projeto e imaginando, à vista disso, possa uma que outra disposição do texto comportar questionamentos, ou mudanças, como propõem alguns, não há como deixar de aplaudir na essência essa iniciativa, por representar reação que já vem tarde contra a neobobice vernacular que nos agride nos lares e nas ruas.

Muita gente, atingida pelos modismos moderneiros, encontra dificuldades em entender coisa tão curial: o idioma é a pátria. É o símbolo – o mais reluzente – da nacionalidade. Projeta, com dinâmica própria, o nosso modo normal de expressão, o nosso jeito de ver e sentir. As emoções puras e generosas da gente do povo. O idioma conta e canta a nossa cultura, nossos feitos e realizações. Mantém-nos íntegros e individidos em nossos sagrados domínios territoriais. Domínios territoriais, aliás, tão cobiçados pelo aventureirismo beligerante e ardiloso destes tempos de globalização fajuta.

Posto que a língua falada no Brasil é o brasileiro, um dos muitos idiomas saídos do português, já vem passando a hora de uma vigorosa resistência contra a tendência, de inocultável frescurice, da utilização, a três por quatro, em tudo quanto é canto, de vocábulos estrangeiros para classificar situações e coisas óbvias.

O aprendizado de outros idiomas é parte relevante na preparação do homem para o instigante jogo da vida. É o caso do inglês e do espanhol, por exemplo, ou o mandarim, talvez mais na frente. Mas a busca do aprendizado de outras línguas não pode significar que a gente deva ou precise esquecer a língua da gente. Isso remete a texto precioso de Eça de Queiroz. “Um homem só deve falar, com impecável segurança e firmeza, a língua da sua terra; todas as outras as deve falar mal, orgulhosamente mal, sem aquele acento chato e falso que denuncia logo o estrangeiro.” Como? O ilustre leitor destas maldigitadas acha que a tintura nacionalista do mestre está forte por demais?

Respondo à observação com uma pergunta: mas será que o momento, face às heresias vocabulares soltas por aí, com base no inglês “more or less”, não está a clamar por posições desse jaez, de claro destemor cívico, que resguardem o nosso patrimônio cultural? Muitos os abusos. Os impropérios lingüísticos. O idioma do Brasil é o idioma brasileiro. Ponto final.

É preciso deixar explícito que aos brasileiros aborrece – e muito – esse negócio de cardápio em restaurante e de saldo de retalho de loja anunciados em língua de gringo; de veículo carregando no pára-choque bobagens do tipo “My other car is a plane”, ou de “God bless America”; de repórter de tevê a  falar de “break”, e de incontáveis babaquices assemelhadas. Isso sem falar na nomenclatura aplicada aos dispositivos que acionam as engenhocas eletrônicas que estes tempos tecnológicos introduziram estrepitosamente na vida do cidadão comum.

Isto posto não há como não classificar de bem-vinda a disposição parlamentar de se por freio nisso tudo.

Levar logo o projeto para discussão, alterações nas Comissões, voto em plenário e sanção presidencial é uma boa.


* Jornalista, (cantonius1@yahoo.com.br)

quinta-feira, 8 de março de 2012

Texto do acadêmico CESAR VANUCCI


A culpa (não) é dos gregos
Cesar Vanucci *

“Despejam quatro trilhões e 700 milhões
 de dólares de forma muito perversa.”
(Comentário da Presidenta Dilma Rousseff sobre a estratégia utilizada pelos países desenvolvidos no combate à crise financeira)

Há algo de podre no “reino” da Grécia! É o que insistentemente se propaga mundo adentro, em sentenciamento shakespeariano vertido para os dias de hoje, por eficientes arautos de forças neoliberais em seu culto desvairado ao “deus” dinheiro. Essa proclamação sombria e perversa conta com a cumplicidade de uma mídia desencorajada de exercer a contento sua tarefa institucional de avaliação crítica dos fatos políticos, sociais e econômicos desta conturbada quadra da história.

Sob o sufoco da avalancha de informações desfavoráveis ao comportamento dos gregos, o mundo não liga a mínima à dívida colossal, certeiramente impagável, contraída com a sabedoria helênica eterna, pela influência preponderante que teve no processo civilizatorio de todos nós. Só tem olhar recriminatório e comentário desairoso para a dívida, incomparavelmente menor, de certa maneira até, liliputiana, contraída pelos gregos com os bancos internacionais. Um pacto negocial sabidamente leonino, como tantos outros estabelecidos com comunidades desprotegidas por aí afora, onde a cupidez desenfreada de banqueiros e megaespeculadores inescrupulosos, enredados com políticos laureados em cambalachos, dita regras e normas que fazem dos credores reféns sem chance de resgate a curto e médio prazos.

A tragédia grega atual é um clássico exemplo dos descaminhos que podem ser trilhados por uma ordem econômica injusta. Desatrelada dos valores essenciais que conferem dignidade a aventura humana. É amostra eloquente dos danos irreparáveis produzidos por uma economia desregulamentada, entendida por muitos, equivocadamente, como um fim em si mesma. E não como um instrumento, um meio para se atingir um objetivo maior, transcendente, representado pela construção humana. Ou seja, um fim social correspondente aos legítimos anseios e interesses da sociedade.

O que se anda querendo cobrar do chefe de família grego, da dona de casa grega, do empresário e do operário gregos é parte da conta dos desatinos econômicos e sociais cometidos, obviamente sem seu consentimento ou conhecimento, por instituições envolvidas em manobras especulativas por ganhos vorazes. Manobras essas que mergulharam boa parte do mundo numa crise recessiva com pesados ônus de natureza social.

O empenho dos dirigentes dos chamados paises superdesenvolvidos em proteger prioritariamente os haveres das organizações que provocaram a crise leva-os a promoverem aquilo que a Presidenta Dilma Rousseff definiu tão apropriadamente como a estratégia do “tsunami monetário”. Injetam, a fundo perdido, recursos fabulosos nessas organizações, para que não soçobrem, em detrimento de políticas de bem estar social, agredindo a economia de países vulneráveis, praticando uma política monetária inconsequente que gera condições desiguais de competição nos mercados internacionais. E, via de consequência, transferem o peso da dívida para outros ombros.

Resumo da história: a culpa pela dívida não é dos gregos. Falar verdade, nem dos troianos.

* Jornalista (cantonius1@yahoo.com.br)