segunda-feira, 29 de novembro de 2010

NATAL ANTIGO


Tela - Deia Leal

POEMA DE NATAL DA ACADÊMICA DA AMULMIG

NATAL ANTIGO
                                                Auxiliadora de Carvalho e Lago

Retorno ao passado,
à pacata, querida
e tão pequenina,
Bom Despacho antiga.

É noite, é Natal,
há paz e alegria...
No presépio, José,
Jesus e Maria.

Um manto de estrelas,
manto de Maria,
cobre a cidade...
Tudo se alumia!

A torre esguia
aponta o infinito
na Matriz, que louva
nosso Deus bendito.

Não há shopping center,
nem papai noel.
Só louvor de sinos
a subir ao céu.

No presépio armado,
José e Maria
olham o Deus Menino
na estrebaria.

O sino da igreja
repica, anuncia,
lembrando às famílias
a grande alegria.

Quase meia-noite...
Fiéis irmanados
vão com as famílias
à Missa do Galo.

A nave lotada
recende a incenso...
Acendem-se as velas
p’ra o grande momento.

Crianças felizes,
juntinho a seus pais,
entoam os cantos
dos velhos natais:

“Noi i te feliz!...
Noi i te feliz!...
Oh, Senhor,
Deus de amor...”

E o Pobrezinho
nascido em Belém
faz dos corações
morada do Bem.

Com entusiasmo,
e cantos de amor,
feliz é o povo
que louva o Senhor!

E os sinos entoam:
“Amém a Belém!!!...
À paz, sobre a terra,
aos homens de bem!!!...”

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Cartão de Natal da AMULMIG

Tela: Deia Leal
Arte/Montagem- Gabriel Bicalho

Angela Togeiro – Belo Horizonte/MG - Membro Efetivo da AMULMIG
O tempo de espera é célere,
por certo o Salvador virá. Novamente!
Pelos séculos e séculos e séculos
batemos no peito
exorcizando pecados;
enfeitamos a alma
para cada renascer.
Procuramos os atos bons...
e estendendo a mão ao desafortunado,
sentimos que alinhamos a vida na mesma direção
somos todos iguais – mesma família divina.
Na chegada somos plenos.
Depois, sob o selo de sermos  humanos,
retornamos à descontinuidade.
Ruptura. Novamente! Novamente!
Pelos séculos e séculos e séculos. Perdidos!

E, no entanto, entre solfejos angelicais,
num fugaz átimo de união e paz
o milagre do Natal tornou-nos imaculados!

Cátedra da Esperança - por Cesar Vanucci

MEMBRO EFETIVO DA ACADEMIA MUNICIPALISTA DE LETRAS DE MINAS GERAIS

Cátedra da esperança

Cesar Vanucci *

“A cultura humanística exige
a mais intensa vida interior...”
(Unamuno)

A Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais (Amulmig), presidida pela escritora Elisabeth Rennó, recepcionou, condignamente, em concorrida assembléia, o escritor e poeta Maurício Braga de Mendonça. Natural de Brazópolis, a encantadora “cidade presépio” incrustada nas fraldas da Mantiqueira, sul das Gerais, o novo acadêmico, procurador de justiça aposentado, é cidadão com trajetória cintilante na vida comunitária.
Culto, probo, ético, competente, é apontado na convivência profissional e social como alguém bastante especial. Um personagem que conhece de sobra a missão que lhe toca desempenhar na peregrinação pela pátria terrena. Alguém verdadeiramente afeito às responsabilidades sociais exigidas das pessoas de boa vontade nestes tempos conturbados.
A historinha que passo a relatar fala sugestivamente dos valores de referência a que Mauricio habitualmente recorre na conduta comportamental. Fala, igualmente, de sua percepção social diante das coisas do mundo.
O país enfrentava, naquele tempo, uma inflação sem freios. Lançando mão de medidas extremas para debelá-la, o governo pediu o empenho leal de todos no sentido de poder combater os exageros ostensivamente praticados nos preços dos artigos de consumo. A lei de economia popular enquadrou, naquela localidade – pólo econômico, político e cultural da região – alguns infratores. No geral, pequenos feirantes. Jornal da cidade, comentando o fato, ressaltou situação paradoxal e injusta: enquanto comerciantes miúdos eram processados, o presidente de uma poderosa organização fazia questão fechada de anunciar, arrogantemente, em tom provocativo, que a rede varejista sob seu comando iria praticar tão somente preços por ele próprio fixados. Não os da tabela da Sunab.
O Promotor, que outro não era senão o já citado acadêmico, resolveu entrar de sola na questão. Pediu abertura de inquérito contra quem tão ostensivamente desafiava a lei. A Polícia Federal agiu. O infrator todo poderoso, criminalmente qualificado no cartório competente, teve que baixar, como se diz no popular, o facho... Grupo influente da cidade, composto de negociantes abastados e políticos emproados, que se mantivera mudo e quedo que nem penedo quando dos enquadramentos dos pequenos feirantes, resolveu, então, encaminhar ao altivo representante do Ministério Público um manifesto criticando o indiciamento do colega. O manifesto foi rasgado em mil pedacinhos, lançados na cesta de lixo. A lição pedagogicamente aplicada por Mauricio a viventes que não passavam de contumazes detentores de odiosos privilégios, assegurados pelo exercício distorcido do poder, ganhou receptividade a mais calorosa nos demais segmentos da comunidade.
Ingressando no Ministério Público em 1972, Mauricio galgou 20 anos mais tarde, depois de elogiável trabalho em seis diferentes comarcas, o colégio de Procuradores da Justiça. Ao longo de sua atuação na Justiça e magistério, notabilizou-se por alentada prestação de serviços à causa da cultura humanística. Entende, adotando como prática pessoal e propagando como ensinamento, que a cultura é processo dinâmico de aquisição de informações que norteiam as relações das pessoas, exigindo dos intelectuais, como propõe Unamuno em seus “Solilóquios”, “a mais intensa vida interior, a de mais batalha,  a de mais inquietação...”
Escritor de méritos, brindou-nos no livro “Ministério dos Causos Públicos”, prosa refinada, referta de verve, com relatos saborosíssimos de acontecências recolhidas no trepidante dia-a-dia das ruas, que são o lugar onde melhor a alma generosa da gente do povo se dá a conhecer.
Revelou-se, também, poeta. Quer dizer, um “contemporâneo do futuro”. Um cara talentoso, com a intuição permanentemente aflorada, que costuma ouvir e ver as coisas primeiro, como é próprio dos poetas. Um vivente que sabe assumir, pra valer, em versos ditados pelo coração, a cátedra da esperança.
Dá provas disso neste sonoro manifesto de celebração da vida expresso em versos do poema “Dia Universal da Terra”:  “Que se abracem os oceanos / Que se calem os desenganos / Porque hoje é o Dia da Terra!” (...) / “Que cantem os rios, as matas, os vales / Paire o bem sobre todos os males / Porque hoje é o Dia da Terra!” (...) / “Que as guerras, as brigas, as desavenças / Dêem lugar a Paz em todas as crenças / Porque hoje é o Dia da Terra!(...)
Ou, ainda, nesse impulso encharcado de ternura de alguém que se confessa apaixonado como se estivesse entoando prece, do poema “Milagre”: “Eu  vi! / ( e nisso ninguém crê...) /Um sorriso do Crucificado / Quando aos seus pés ajoelhado / Implorei-lhe apaixonado / Que me desse você! / Eu ouvi! / ( e nisso ninguém crê...) / Jesus Cristo me dizer / Num leve e doce prazer / “ - Você dela vai ser / E Ela será só de você !!!”
O ingresso de Maurício na Amulmig assegura, sem sombra de dúvida, a certeza de preciosa contribuição pessoal ao patrimônio de saberes acumulados da valorosa instituição.

* Jornalista (cantonius@click21.com.br)

Convite - Confraternização AMULMIG

Clique na imagem para visualizar o convite
CONVITE - CONFRATERNIZAÇÃO NATALINA DA AMULMIG - HOMENAGENS